28 setembro 2009

Pausa!

Fiz uma ligeira pausa. Ao olhar para esta fotografia no Atouguia sempre, ao ir recortá-la para se adequar à lembrança. Funda. Nostálgica. Ao trazê-la para aqui.
Vi(vi) agora, dentro de mim, tanta manhã que há muitos muitos anos vivi.
Tanta manhã de domingo que se prolongava pela tarde fora, às vezes até quase à noite... e à forte e inevitável reprimenda no regresso a casa. Cansado, sujo, mas contente com o dia passado a jogar à bola.

Era assim:
eu, rapazinho a férias, descia até ao campo de S. Sebastião, já acompanhado por companheiros mais vizinhos, alguns quase todos vindos da missa. De braçado, a bola trazida comigo de Lisboa. Chegávamos lá ao meio do terreno e dava-se um chuto para o ar, para o alto, o mais alto possível. Como que para chegasse à Atouguia, como som de tambor ou sinais de fumo de comunicação primitiva.
A resposta era quase imediata, a modos de dada por quem estava só à espera da comunicação. Por aquela encosta abaixo, em correria, vinha a miudagem da Atouguia juntar-se a nós.
E assim passávamos o dia. Em grande confraternização.
Muda aos cinco acaba aos dez. Sempre com lugar para mais um. Saindo os que tinham de ir, substituidos pelos que iam chegando.

Oh! meus amigos de bibe e calção de que contava o Manuel da Fonseca, oh!, meus amigos do Zambujal, de S. Sebastião, da Atouguia, alguns de pé descalço ou bota cardada, oh!, meus amigos, como o tempo era outro. Nosso. Que passava e correr, doidamente, atrás de uma bola. Nos domingos de antigamente.
Dávamo-nos nomes de jogadores famosos de então. E alguns desses nomes ficavam para sempre, mais nossos que os nomes do batismo. Como o do Jaburu, como era conhecido um jogador do Porto, avançado-centro de muito antes da televisão.

Quantos ainda vivos estamos?

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