23 agosto 2009

A "minha ponte romana"

Não é rigoroso porque não investiguei. Mas o facto é que, sempre que ia para aqueles lados, há muitas décadas, por exemplo para "aventureiras" incursões à Capela de S. Sebastião - já então em ruínas - gostava de lhe chamar "ponte romana" e incluía-a nas minhas fantasias históricas. As grandes pedras laterais, o piso em arco e em calçada, um conjunto com a harmonia que os séculos emprestam às coisas.
Um dia, há uns quatro anos - julgo que foi por altura das anteriores eleições autárquicas -, talvez com alcatrão que teria sobrado de outras "melhorias" para impressionar eleitores, vi que estavam a "assasssinar" a "minha ponte romana". A derrubar as grandes pedras laterais, polidas pelo tempo, a atirálas para ali, para o leito da ribeira, a tapar o belo empedrado do piso com uma camada de alcatrão.

Fiquei irritado e triste. Fui a casa buscar a máquina fotográfica, com a enorme pena de já ir tarde para nela guardar a "minha ponte romana". Registei o "crime". Ou o começo do "crime"... porque, depois, puseram aqueles varões laterais em amarelo que tornam tudo ainda pior.

A quem serviu aquela "obra"? Alguém se deu conta do que foi destruido?
Em conversa posterior com o vereador do pelouro da cultura, então recentemente eleito, falei-lhe no caso. Ficou de lá ir ver. Comigo. Não sei se foi. Comigo não foi...
E lá está... Assim. Apenas ficou a lembrança da que foi a "minha ponte romana".

2 comentários:

  1. Como reconheço o seu "desgosto" por este vandalismo, mas o que muito me entristece é que quem está há frente das autarquias são pessoas com algum grau de cultura e deixem que se faça estas atrocidades à história, à nossa história..

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  2. Desgosto... diz bem. E à frente das autarquias desde 1976 que estão lá os nossos representantes, eleitos por nós. Foi uma luta dura, muito dura, para que assim tivesse começado a ser.
    E esse é um outro "desgosto": as escolhas que por nós são feitas...
    Abraço

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