18 dezembro 2011

Herbário da Nossa Terra - Carvalho

Os passeios desta semana fizeram com que a nossa atenção se debruçasse sobre as várias travessas e ruas na nossa Freguesia que têm como nome Carvalhal. 
O Carvalho é o nome comum para designar algumas das várias espécies de árvores do género Quercus. Estas árvores de grande porte dão o fruto que conhecemos pelo nome bolota.
Também chamada de glande, a bolota é um fruto seco. Contém uma semente no seu interior. Esta é formada por pericarpo – tegumento castanho envolvendo o embrião – formado por cotilédones, radícula e caulículo finalizado por uma gémula.
Cotilédones, carregados de amido, são nutritivas e usadas pela planta como reservas, para desenvolver a radícula e a gémula, especialmente se a glande estiver em solo húmido e num ambiente iluminado. A radícula sai da extremidade da glande, enterrando-se no solo. O caulículo dirige-se para cima e a gémula origina um novo caule. Como os cotilédones ficam no chão, esta germinação é hipógea. A planta pode ainda continuar agarrada à glande durante dois anos, esgotando as reservas. A raiz ramifica-se, formando um gavião (raiz principal) que originará as raízes secundárias, assegurando uma boa fixação e absorção de nutrientes. Esta é ampliada pela simbiose entre o carvalho e filamentos (hifas) de fungos – formando micorrizas. O caule desenvolve-se no ar, alonga-se, ramifica-se (devido ao abrolhamento dos gomos terminais e axilares) e engrossa, formando um vigoroso tronco (de vinte a vinte e cinco metros de altura) com uma poderosa copa no topo. O diâmetro do tronco (que pode atingir até sete metros) é consequência da junção de dois meristemas laterais: câmbio (entre a parte lenhosa e a parte liberina, que contribui para o crescimento interno, formando lenho; para o lado externo forma líber secundário) e câmbio suberoso (casca ou zona cortical). Daí o aparecimento de círculos concênctricos.
A armadura lenhosa e sólida constitui a madeira secundária que suporta a árvore. Nalguns climas o desenvolvimento interrompe-se no Inverno; explode na Primavera e diminui no Verão e Outono. O câmbio suberoso é responsável pelas formações secundárias, como a cortiça. As camadas periféricas (líber e cortiça, por exemplo) são a casca, que se divide, distende e fendilham devido às pressões interiores, à medida que envelhece.
O seu crescimento é lento, prolongando-se por algumas centenas de anos.
É uma árvore de folha caduca e passa por repouso durante o Inverno. Com o regresso da Primavera vêm novas folhas e desenvolvimento (contudo, outras espécies da família do carvalho têm as folhas persistentes, como os sobreiros). Aos quarenta anos inicia a sua floração, repetindo todos os anos. Tem muitas flores masculinas e femininas, todas diminutas e esverdeadas. Cada flor feminina pode originar uma glande.
Contudo, ao fim de longos anos, deixa de crescer e prossegue com pequenas florações e frutificações de sementes. Aproxima-se o seu fim. As raízes deixam de absorver o necessário ao seu crescimento e manutenção; a copa não expõe grande parte das folhas ao sol e o tronco não pode suportar cargas cada vez maiores. Pior alimentada, é alvo de fungos e outras infestações que a debilitam, perfurando-lhe o tronco, transformando-o em celulose sem resistência. Acaba por tombar, vencido pelos anos.




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